Joias e fé

Recém lançada, a coleção Sagrado, da designer de joias Carla Amorim, chega às lojas com peças de forte presença religiosa. No evento de inauguração no shopping JK Iguatemi em São Paulo, a consultora de estilo Ucha Meirelles comandou o bate papo que abordou a presença da religião na moda.

O Pesponto foi lá conferir e conseguiu uma entrevista exclusiva com Ucha, que falou sobre como as marcas se apropriam de representações religiosas ao redor do mundo e como isso está relacionado a aspectos como: identidade, comunidade, poder, política, gênero e emoção, tudo de forma muito particular.

Pesponto em Pauta: Como você se aproximou desses dois temas – religião e moda – de maneira relacionada?

Ucha Meirelles: Na verdade, isso esteve na moda desde sempre. Têm peças que datam desde 1939 até 2018.  Se você pensar nos quadros e nas peças antigas, tudo é uma releitura. Donatella Versace, Coco Chanel, John Galliano, Cristóbal Balenciaga são alguns estilistas que se inspiram na religião, e eles são ícones importantes para o mundo da moda. A religião é muito rica. É possível se inspirar nas igrejas, na roupa da religião, nos vitrais e nos mosaicos. Todos os anos as marcas têm feito cada vez mais isso, porque retrata muito a fé, e a fé é eterna, é atemporal, a fé não é moda. A moda é algo que está acontecendo hoje.

Pesponto: Seus estudos se focam mais na religião católica?

Ucha: Na religião católica, na Igreja, no poder da Igreja, a riqueza da Igreja, nos modelos papais e tudo o que está relacionado com isso.

Pesponto: Você é católica? Religiosa?

Ucha: Sou católica, eu rezo, mas não vou todos os dias na Igreja, mas sim sou católica, sempre fui. Estou até com um crucifixo na correntinha (risos). Ainda mais nos dias de hoje, se a gente não tiver fé, é difícil.

Pesponto: Essa coleção se aproxima especialmente de você pela temática?

Ucha: Acho que de todo mundo. Falar de fé é falar do eterno. Fé cada um tem do seu jeito, cada um usa do seu jeito. Então você pode usar coisas de um jeito mais minimalista, coisas totalmente diferentes. A Madonna na década de 1980 era de um jeito, um desfile da Dolce Gabbana é de outro jeito. Quer dizer, cada um usa e interpreta do seu jeito. Isso que é o interessante, é um tema tão grande, tão amplo, que cada um interpreta do jeito que quiser.

Pesponto: Como você explica essa coleção?

Ucha: A religião católica é muito forte em símbolos e imagens. Então, por que não a retratar numa imagem, num símbolo, numa joia da Carla da coleção Sagrado? Há 10 anos ela faz essa coleção especial chamada Sagrado, que cada um pode usar do seu jeito, a partir das suas relações com a religião. Você pode usar a mesma peça de um jeito mais clássico, de um jeito mais minimalista, mais moderno, mais esportivo. Isso que é bacana, como você pode interpretar isso para você.

Alana Ferrer e Isabela Salvetti

Edição Carol Brandileone

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