Texto e imagens: Iasmin Paiva e Lorena Pomarico, 1º semestre de Jornalismo
Na cidade de São Paulo, há várias iniciativas que buscam alternativas para o consumo desenfreado que, na maioria das vezes, é causado por ansiedade e/ou simplesmente pela tentação de estar na “moda”. Brechós e bazares, nesse cenário, são importantes opções para aqueles que querem renovar o guarda-roupa sem gastar mais dinheiro ou matéria-prima para isso, pois sanam o desejo de algo novo ao mesmo tempo que conscientizam as pessoas sobre a importância de repensarem sua cultura de consumo e sobre quanta roupa é necessária em suas vidas.
Diferentes iniciativas são promovidas periodicamente em São Paulo com o intuito de cumprir o objetivo dessa reflexão: algumas com intuito de obter lucro, outras com objetivos unicamente públicos, como caridade. De qualquer forma, são alternativas para o consumismo, cada vez mais frequente no contexto da grande metrópole paulistana.
Assim, o Pesponto em Pauta visitou alguns estabelecimentos e eventos, que se auto nomeiam “brechós”, e procurou suas especificidades, além de conversar com consumidores e vendedores, buscando entender seus pontos de vista acerca da moda contemporânea.
A partir das entrevistas realizadas, pode-se observar um padrão de respostas em relação ao assunto. Sofia, estudante de arquitetura, compra roupas de segunda mão desde 2017, quando morou na Inglaterra e conheceu melhor essa cultura dos brechós. Segundo ela, para um brechó ser classificado como bom, as roupas precisam ser lavadas e selecionadas, caso haja rasgos muito brutais, por exemplo, e o local, higienizado.

O Bazar Samburá, na Vila Mariana, promovido pela AACD, que se compromete a levar toda a renda arrecadada para a Associação, não se considera exatamente um brechó, mas um bazar que aceita qualquer produto doado, como móveis, livros e vestidos de casamento. O preço médio de uma camiseta no estabelecimento varia entre 10 e 20 reais, mas as roupas não passam por nenhum processo minucioso de vistoria: muitas estavam com fios puxados, mas nada muito grave a ponto de não ser possível usar a roupa novamente.

O Luz da Villa, também na Vila Mariana, tem uma proposta de incentivar a moda sustentável, por isso nem todas as roupas são de segunda mão. Aquelas que são têm etiquetas diferentes e as demais são produzidas manualmente na loja ou em outras manufaturas artesanais. Uma camiseta, em média, custa 60 a 100 reais. O local é limpo e todas as roupas se encontram em bom estado para o uso.
Além de espaços físicos, muitos eventos independentes também têm a mesma proposta de promover o consumo consciente. No mês de março, no bairro da Liberdade, houve o Bazarzaço #7, evento que reunia diferentes iniciativas, dentre elas, alguns brechós. A organizadora, Carolina Mayumi Matsubara, inicialmente pensou em organizar o evento apenas com algumas peças próprias que queria se desfazer e outras garimpadas de outras lojas/brechós, mas optou por chamar diferentes pessoas e promover uma feira em sua casa.

Em todas as edições do evento, pessoas diferentes promovem seu próprio negócio na organização criada por Carolina. Cada brechó seleciona suas roupas de uma maneira diferente. Alguns são mais profissionais e garimpam de outros lugares para revender e outros trazem apenas as roupas pessoais, das quais estão se desfazendo.
São muitas as oportunidades de promover a moda sustentável e o consumo consciente. A indústria da moda está no segundo lugar do ranking das indústrias mais poluentes. Para se fabricar uma única camiseta são gastos 2.700 litros de água. A produção de algodão é responsável por grande parte do uso de substâncias tóxicas no mundo, segundo a BBC, e as fibras artificiais, como o poliéster e a viscose, também produzem gastos exorbitantes de petróleo e árvores anualmente. Além disso, são muitas as empresas multinacionais de roupas que têm contratos indevidos com as fabricantes de roupas, o que corrobora com a exploração do trabalhador. Sendo assim, todas as tentativas que minimizem esses impactos negativos são extremamente importantes.