A Cultura Sneaker

Wenderson Matheus (3º semestre)

Os tênis surgiram durante o século XIX, porém foi apenas a partir do século seguinte que a peça passou a ser considerada como um importante acessório de moda. Atualmente, sua presença é ainda mais forte e se amplifica ao compactuar com movimentos culturais, como o streetwear (“roupas de rua”, em tradução livre). Os tênis se transformaram em uma peça de expressão cultural com ajuda de ícones da música, do basquete, do skate, entre outros. 

A princípio, os modelos de calçados eram pouco diversos, com designs e cores limitados, além de serem fabricados apenas com borracha e couro pesado. Ainda no século XIX, Charles Goodyear, um importante inventor, conseguiu modificar a borracha, tornando os calçados mais leves.

Com o passar dos anos, o calçado tornou-se uma vestimenta importante no mundo da moda. Atualmente, os tênis são produzidos com designs e cores variados e são passados de geração em geração, transformando-se em um importante aspecto cultural de moda. 

A cultura sneaker se concretizou, de fato, em meados da década de 1980, com o avanço do basquetebol americano. O esporte auxiliava no processo de lançamento e divulgação de diversos calçados, com jogadores famosos usando os produtos. A partir de 1980, os tênis passaram a ser uma peça fundamental no guarda-roupa dos norte-americanos. No início, os sneakerheads, público adepto da cultura sneaker, associavam os tênis com atletas. Atualmente, o item está mais associado a rappers e pessoas comuns.

Michael Jordan usando Jordan XI Concord – Foto: Streetball

Sneakerheads não apenas se identificam com a cultura sneaker, como também tem um amor muito grande pelo produto e pelas sensações que os calçados são capazes de transmitir a eles. Existem dois tipos de sneakerheads, os que gostam de colecionar, independente da marca do produto, e os outros que preferem modelos específicos. O que eles têm em comum é a paixão incondicional por essa cultura.

Segundo Bruno Souza, dono da loja de tênis Street King, com mais 4 mil seguidores no Instagram, a paixão por tênis transpassa qualquer barreira econômica. “Qualquer um pode ser um sneakerhead, independente de sua classe social”, diz.

Os preços variam muito. Fatores como modelo, cor, grau de parcerias e exclusividade são decisivos para determinar o preço final do produto. Os calçados mais caros são os de modelos exclusivos e os que possuem parcerias com artistas famosos, pois geralmente são mais difíceis de encontrar no mercado. Normalmente, os calçados que os sneakerheads colecionadores usam não são muito caros, mas o dado pode variar muito. Segundo Bruno, os tênis podem custar de 500 até 20 mil reais.

A prática da cultura sneaker não é pautada apenas no consumismo exagerado dos produtos. Outro meio de inserção na moda é a personalização de tênis, por meio da colorização das peças e inovação no estilo e nos modelos. Muitas pessoas já fizeram isso e nem sabiam que estavam participando de um movimento cultural. Dependendo das modificações realizadas, as peças podem ser vendidas por preços mais altos do que os modelos originais.

A cultura sneaker chegou efetivamente ao Brasil em 2005, após o dentista Ricardo Nunes lançar um blog sobre calçados de borracha, o SneakersBR. Atualmente, o blog se tornou a maior revista de tênis do país.

No Brasil hoje, as marcas têm explorado os tênis como uma forma de se comunicar, investindo na construção da narrativa das peças como um meio de expressão cultural. Contudo, Bruno afirma que no Brasil a cultura ainda é muito pequena quando comparada ao exterior. 

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