Luiza Vezzá (1º semestre)
Aconteceu na segunda-feira (18) mais uma palestra da Semana de Moda Internacional. Promovido pela entidade Global Jr. ESPM, o evento contou com a presença de três nomes do mercado de moda internacional. O palestrante do dia 18 de abril foi Júlio Moreira, professor da pós-graduação na ESPM, que falou sobre Branding Internacional.
Moreira contou sobre sua carreira e seus projetos, sendo um deles o projeto Cotton Brazil, que promove a exportação de algodão brasileiro, produzido de forma sustentável e com rastreabilidade. Também explicou os conceitos básicos e todas as etapas do Branding Internacional, contando casos de marcas brasileiras reais que investiram na internacionalização e como fazê-la.
Ao meio da palestra, contou sobre o experimento “Palessi”. Em 2021 uma rede de sapatos baratos, Payless Shoe Source, orquestrou uma “pegadinha” bem elaborada para fazer as pessoas falarem sobre sua nova linha de calçados contemporâneos e mudar a visão que os consumidores têm sobre a marca, que é conhecida como popular e barata nos Estados Unidos. Para isso, a marca se transformou secretamente na grife “Palessi”, uma boutique de calçados sofisticada assinada pelo (inexistente) estilista de calçados Bruno Palessi. Foi montada uma loja luxuosa em Santa Monica (CA), com cerca de uma dúzia de influenciadores contratados para promover a inauguração da falsa marca, onde os sapatos de 30 dólares sendo vendidos por quatrocentos até seiscentos dólares eram vendidos e elogiados. Ao fim do coquetel, os clientes foram levados para a sala dos fundos e revelou-se que os sapatos adquiridos na grife Palessi eram, na verdade,sapatos Payless. Os compradores foram completamente reembolsados e puderam ficar com os sapatos. Como mencionado por Moreira, o branding da marca dita a percepção dos consumidores sobre ela.
O palestrante deu continuidade explicando mais sobre o branding internacional, mas focou especialmente no Brasil, as impressões que outros países ou outras pessoas de diferentes nacionalidades têm do país e os estereótipos que têm de ser enfrentados tanto pelos brasileiros no exterior quanto pelas marcas nacionais, tentando quebrar os paradigmas no processo de internacionalização, enquanto tentam montar sua identidade como marca brasileira sem ser associada ao “futebol, caipirinha e samba”.
Moreira encerrou sua fala com uma frase de Lya Luft, que diz “No exterior, sempre a velha surpresa: como se sabe pouco sobre nós. Como nos exportamos mal… De nós sabem e querem o chamado exótico. Um livro de uma brasileira, que não fale de Carnaval, favela, floresta e bichos, parece um corpo estranho. ‘Escritora brasileira?’, disseram-me certa vez. ‘Mas no Brasil existem editoras?’…. Em Paris, num belo palácio, há uma exposição sobre índios e alguns foram levados para lá; os europeus se deliciam com o estranho, o aventuresco, o que pensam ser ‘o brasileiro’. Nossa literatura urbana quase não se contempla, nossa realidade industrial, cultural, universitária, sociológica, aparentemente pouco interessa.”. Após o encerramento, abriu para dúvida dos alunos.