“O nosso objetivo é mostrar para o mundo que pobre também tem talento”, diz Alex Santos, estilista e idealizador do projeto Periferia Inventando Moda (P.I.M). A oportunidade de promover inclusão social aos moradores de Paraisópolis – SP, surgiu a partir de sua vivência na própria comunidade, há mais de 10 anos.
O projeto de democratização da cultura oferece uma série de Workshops que acontecem no CEU Paraisópolis – como oficinas de costura e criação, maquiagem, editoriais de moda e desfiles. Um dos grandes objetivos é o desenvolvimento profissional, por isso os alunos recebem orientações para aprenderem a se portar durante uma entrevista.
Santos chama a atenção para alguns dos problemas que enfrentam e pontua a falta de recursos, por parte dos participantes do projeto, para a elaboração de books e ensaios fotográficos, o que é essencial no segmento. O estilista almeja encontrar parceiros que se disponibilizem a realizar esse tipo de trabalho sem custo algum para o modelo.
Além da condição financeira, alguns jovens possuem uma estrutura familiar abalada, o que também dificulta o projeto e acaba, de certa forma, impondo novos objetivos. Apoiar o sonho de se tornar modelo é uma das responsabilidades que Santos carrega para si. “Claro que por questões comerciais precisamos de modelos com certos padrões estéticos”, diz o estilista. Ele completa dizendo que apesar de tudo é importante dar oportunidade para outros perfis que também vem ganhando espaço e que essa é a essência do P.I.M..
O apoio financeiro nem sempre esteve presente. Antes para realizar um evento era necessário que houvesse uma série de parcerias em troca de divulgações, hoje o projeto é financiado pela empresa Vult Cosméticos, o que possibilitou a locação de um espaço além do CEU.
Além de tudo o P.I.M. funciona como incubadora de projetos, dando consultoria para estilistas, formados ou não, que queiram iniciar sua própria marca. Um ótimo exemplo disso é a marca da “Malokeiro”, perfil comercial urbano que possuí e-commerce e loja física na Rua Itapeim, no bairro de Paraisópolis.
Santos também é proprietário de uma marca que leva o seu nome. O estilista revela que suas peças são baseadas nas tendências do exterior e em sua fase pessoal. “Procuro fazer com que a pessoa leve um pedaço de mim na hora da compra”, completa. Além disso, Santos conta sobre a influência que exerce dentro da comunidade e a maneira como se vê no modo de se vestir das pessoas. “Antes eu usava tranças no cabelo, quando eu as tirei várias pessoas passaram a usar”, exemplifica.
Vale lembrar que para participar do projeto não é necessário morar na comunidade. As inscrições acontecem de maneira periódica, sendo divulgadas nas redes sociais do projeto – como Facebook. Além disso, os desfiles são abertos ao público e acontecem todos os finais de semana.
Bruna Ribeiro – 2º semestre
Gabriela Soares – 2º semestre