O feminismo e a questão do empoderamento feminino no mundo muçulmano estão diretamente ligados à modéstia e à bondade da mulher. “Ser ‘empoderada’ para uma muçulmana é ser capaz de amar sem esperar nada em troca, é ajudar sem olhar a quem, é ser linda por dentro e refletir para fora. É ser liberta, por dentro. É ter coragem”, disse Aisha Mahammed, fundadora do grupo “Coração e mente de Sahabah”. Para ela, o uso do véu, conhecido como hijab, é justamente para que a menina consiga sua liberdade interna e que seja capaz de ver seu coração e não sua aparência.
Para as mulheres, algo ainda mais importante do que se converter a uma religião é considerar qual espaço elas conseguirão ocupar na sociedade independentemente de suas crenças. Se observarmos, por exemplo, a questão do islamismo, é possível discutir como o feminismo se insere neste contexto? E o empoderamento? Como se sentir mulher vestindo o hijab?
Discutir as diferenças e igualdades entre a feminilidade brasileira e a muçulmana, foi o tema central de uma conversa entre a professora e pós-graduanda em Jornalismo Cultural, Mônica Broti, e Aisha. Mônica contou que se interessou pelo mundo árabe depois de viajar para a Turquia e visitar uma comunidade em Cônia. Lá, ela conheceu mulheres brasileiras que decidiram se tornar muçulmanas, usavam o hijab e tinham suas vidas devotas à religião.
Aisha, por exemplo, é brasileira e escolheu seguir o islamismo, mudou seu nome de Aline para o nome atual e passou a usar o véu. Para ela, o processo de se tornar muçulmana e passar a fazer as atividades comuns da religião foi difícil porque, por não ter nascido dentro dessa cultura, passou por muito preconceito familiar.

As discussões aconteceram durante a Semana da Mulher, promovida pelo Centro Acadêmico 4 de Dezembro, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em março. O evento teve como proposta falar sobre a camada de mulheres que não são tão valorizadas pela sociedade atual. Mostrou como a iniciativa de olhar para diferentes culturas e perceber como o feminismo se encaixa em cada uma delas é surpreendente, principalmente quando a mulher se valoriza pelo o que ela é.
Taina Almeida
Edição: Larissa Kazumi